Descoberto a partir de uma simples investigação para desbaratar um esquema de lavagem de dinheiro, que tinha como pano de fundo uma rede de lavanderia e postos de combustíveis, a Operação Lava Jato, da Policia Federal culminou na descoberta do maior esquema de corrupção da nossa história, que envolve, praticamente todas as grandes empreiteiras do país num gigantesco esquema de superfaturamento de obras, pagamento de propinas e desvio de recursos.
Dois dos principais envolvidos no esquema, o doleiro Alberto Youssef e o ex diretor de abastecimentos da Petrobras, Paulo Roberto Costa, fizeram o acordo de delação premiada, ambas, promulgadas pelo STF, ou seja, aquilo que tanto o ex diretor, quanto o doleiro, disseram em depoimento, foram considerado consistentes.
Logicamente que o que vai acima já são favas contadas e as investigações já adentram em um novo front.
Nessa nova fase, está ficando claro, dará-se um intense embate entre as empreiteiras envolvidas no esquema e o governo, também envolvido.
É nesse ponto que lanço a pergunta. De quem é a culpa?
É das empreiteiras que montaram cartel, com anuência do governo, ou o governo que orquestrou o esquema com a anuência e participação das empresas?
Acredito que a resposta que darei aqui deva ser compartilhada pela maioria dos meus leitores. Mas vamos lá, lançarei uma outra indagação. Quem é o principal cliente dessas empreiteiras? A resposta é de uma obviedade ululante: O governo.
Enquanto o Brasil tiver um Estado gigante, invariavelmente, será ele, o governo, o principal cliente em muitas atividades econômicas e nesse cenário, ninguém quer ficar de fora na hora de repartir o bolo, ou, ninguém irá se negar em prestar serviços ao governo. Não quando as empresas se especializaram em fechar grandes contratos com sucessivos governos e dependem desses contratos para continuarem a crescer.
Não estou aqui tentando inocentar A e acusar B. Mas, quais as chances de uma Camargo Correia, por exemplo, sobreviver sem prestar serviços ao governo? Quem seria seus clientes?
O amigo pode achar essa explicação simplista, mas, diante dos fatos, não há outra. Quando nos defrontadas com tudo aquilo que já foi apresentado pela PF, não podemos, racionalmente, afirmar que as empreiteiras agiram a revelia do cliente. Não é possível afirmar que apenas alguns funcionários do governo agiram sem o seu conhecimento e sem a sua autorização.
Dito isto, perde validade a tese de que os empresários são os grandes malvados nessa história toda. Aqui, o discurso anticapitalismo, anti-empresário não encontrará guarida. Dito de forma mais clara: O principal responsável pelo petrolão é o governo. Que todos paguem as devidas penas, mas, a pena maior deve ser para aquele que planejou, deu a dinâmica e colheu os maiores benefícios desse escândalo.
Portanto, qualquer tentativa de isentar o núcleo central do governo de toda essa tramoia, será interpretado como um golpe. Um duro golpe contra a justiça e contra a democracia.
Finalizo lembrando que no mensalão, aquele que pegou a maior pena foi o "prestador de serviços" Marcos Valério. Intuo que o governo de turno, tenha acreditado que envolver grandes empresários no seu projeto de poder e toda a sofisticação do esquema montado, passaria incólume. Não, não passaram, pois esqueceram de uma regra elementar. Não há crime perfeito.
Foi fácil "calar" Marcos Valério. Não encontrarão a mesma facilidade para "calar" empresários que têm tudo a perder com o silêncio. Aquele era um lambari, esses, são tubarões.
Não será fácil o PT se livrar dessa.
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