domingo, 16 de março de 2014

O BRASIL NA CONTRAMÃO DO CRESCIMENTO: ANALISE DE EDMAR BACHA

O economista Edmar Bacha, tucano declarado, concedeu ao Estadão uma oportuna e feliz entrevista. Com reportagens de Alexa Salomão e Vinicius Leda, o economista apontou as deficiências do nosso baixo crescimento e de como esse quadro pode ser revertido. Ao lê-la, possamos ter esperanças que ao menos no campo econômico, uma provável vitória de Aécio Neves para presidente, colocaria o Brasil no rumo certo. Leia-se, maior abertura econômica. 

Segue alguns trechos da entrevista:

No evento que marcou os 20 anos do Plano Real, na semana passada, o senhor disse que no primeiro dia do novo governo seria necessário retomar a reforma tributária. A agenda se resume à reforma?

Edmar Bacha: Não. Com certeza é mais ampla. Eu parto de um diagnóstico, com uma sequência de pontos. O primeiro ponto é a constatação que estamos presos na chamada armadilha da renda média. Desde 1981, o Brasil vem tendo um crescimento medíocre. Esse processo parecia ter se alterado a partir de 2004. Porém, fica muito claro hoje que o impulso adicional que a economia teve entre 2004 e 2011 foi fruto único e exclusivo da bonança externa. 

Qual o segundo ponto do diagnóstico?

Edmar Bacha: O segundo ponto é o que se vê quando listamos os países que, no pós-guerra, conseguiram fazer a transição da renda media para a renda elevada. Não foram muitos. Na minha conta, foram uns dez. Os Tigres Asiáticos e Israel fizeram a transição com base na indústria exportadora. Os países da periferia europeia - Portugal, Espanha, Grécia e Irlanda - fizeram a transição com base em prestação de serviços, inclusive com a concessão de mão de obra para a comunidade europeia. O terceiro conjunto de países inclui Austrália, Nova Zelândia e eu também colocaria no grupo a Noruega. Até o final dos anos 1960, a Noruega era o mais pobre entre os nórdicos e agora é o mais rico. Esses três países fizeram a transição na base de produtos naturais. Cada um fez a transição a sua maneira, mas com uma característica comum: todos se integraram a um mercado maior e encontraram nichos a partir dos quais conseguiram se desenvolver. Isso é empírico. A transição ocorreu por meio da integração internacional. 

O Brasil já fez essa transição no mercado de trabalho, não? Hoje, nem a demografia ajuda mais.

Edmar Bacha: Com certeza. É fato que acabou o excesso de mão de obra. Somos todos urbanos e não há mais crescimento da mão de obra. Mas nesse contexto temos que nos perguntar o que é produtividade. Em parte, é tecnologia. É preciso utilizar bens de capitais e insumos modernos. Produtividade também é escala. É preciso ter um mercado amplo para ter acesso aos benefícios da escala. Isso é uma característica da produção moderna. Terceiro, é preciso especialização. As empresas devem estar focadas naquilo em que são boas. Quarto, é preciso ter concorrência. Esse conjunto de fatores só se encontra quando um país se integra ao comércio internacional. Nisso está nosso problema. Quando comparamos o Brasil ao resto do mundo, para surpresa de muita gente, o País está em outra direção. Entre os 176 países para os quais os Banco Mundial tem dados, o Brasil é o que tem menor participação das importações no PIB - 13%. Contei isso para dois colegas da PUC-Rio num almoço e eles perguntaram: mas você tem certeza disso? Sim. O Brasil é o País mais fechado do mundo, sem considerar a Coreia do Norte, para a qual não há dados. 

Pela sua exposição, foi feito tudo ao contrário do que se deveria, então.

Edmar Bacha: Sim. Hoje temos uma economia improdutiva, de alto custo, que sobrevive com enormes níveis de proteção. Nossos altos preços são frutos de uma economia fechada. A resposta do governo para toda essa problemática, principalmente depois de 2007, foi fechar mais. Quando o governo viu a desindustrialização e a incapacidade de concorrência das nossas empresas, ele aumentou as tarifas de importação e reduziu o IPI para produtos como automóveis produzidos localmente. 

Foram preciso décadas para implantar um plano de combate a inflação que funcionasse. Há espaço político para a implantação de um plano de abertura como esse?

Edmar Bacha: Você se lembrará que, em 1993, a equipe econômica foi muito relutantemente convocada a serviço do Plano Real, porque achava que não havia condições políticas para tal. Portanto, as condições políticas propícias para o Real foram após ele ter tido sucesso. Vistas "ex ante", as condições eram péssimas. Você tinha um governo de um vice-presidente (Itamar Franco, empossado após o impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello), que não tinha legitimidade, não tinha maioria no Congresso, só tinha mais dois anos pela frente e havia demitido três ministros da Fazenda em sete meses. Que condições políticas eram essas? Era uma desgraça! 

Edmar Bacha, expressou claramente o que todos nós já sabemos. O atual governo caminha propositalmente, ou de forma ignorante, o que é muito pior, na contramão daquilo que é necessário para que a economia nacional cresça e consequentemente, a renda per capita chegue a um nível elevado. 

Para o atual governo, e nada aponta que sua orientação venha a mudar caso permaneça no poder, o mais fácil, comodo e eleitoralmente conveniente, é mudar as regras de medição da renda e anunciar como classe média quem ganha R$ 300,00. Para o atual governo, mais vale manipular números e se deixar levar por pseudo ideologias bolivarianas que em nada contribuirão para que o POVO brasileira possam ter um futuro descente. 

É hora de mudar os rumos do país!!  

LEIAM A ENTREVISTA COMPLETA AQUI: 

http://economia.estadao.com.br/noticias/economia-geral,para-escapar-do-pibinho-o-caminho-e-a-abertura-diz-edmar-bacha,179704,0.htm



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