quarta-feira, 23 de outubro de 2013

FILHOS REBELDES: UMA SOCIEDADE ANÁRQUICA, É UMA SOCIEDADE ONDE SE TEM POR LEI RESPEITADA Á BARBÁRIE

            Desde Adão e Eva, ou melhor, desde que as primeiras sociedades foram formadas, das mais simples e primitivas as mais sofisticadas e modernas, inúmeros problemas surgem oriundos das relações humanas. Não obstante, é desse conflito de relações que as sociedades avançaram e avançam, tentando assegurar a cada um, uma vida social harmoniosa.

        Todavia, independente do problema a ser enfrentado, independente da mudança realizada, as sociedades são pautadas pela hierarquia.  Não se avançam as que quebram a hierarquia, mas, onde a hierarquia se faz presente e respeitada em meio às mudanças ocorridas. É nesse sentindo, por exemplo, que a Inglaterra continua a ser uma monarquia e continuará a ser.

         Desde Adão e Eva, geração após geração, que a autoridade é enfrentada, guilhotinada ou substituída, mas, não se vislumbrou nada superior com a exclusão dos agentes portadores da autoridade.  Ouso dizer, aqui, que uma sociedade sem autoridade, ou, seja, uma sociedade anárquica, é uma sociedade onde se tem por lei respeitada à barbárie.

         Isso ocorre, pelo puro e simples fato de que somos imperfeitos e, portanto, devemos nos valer dos mais velhos e suas experiências de vida, dos mais inteligentes e seus Tratados Legais, dos mais fortes e o destemor que eles têm em guerrear em prol dos demais e por fim, valer-nos dos portadores de recursos financeiros que impulsionam toda a sociedade a realizar seus objetivos e sonhos.  

          Pois bem. Até aqui, abordamos o aspecto da autoridade de uma forma mais ampla, mais global e teórica. Em verdade, toda essa “engrenagem” da sociedade torna-se funcional apenas se a autoridade no núcleo familiar for obedecida e respeitada.  É no funcionamento do grupo familiar, que sentimos e observamos se a sociedade caminha de forma saudável ou não.

        Nesse sentido, é no grupo familiar que sentimos de forma mais aguda, os problemas e dificuldades trazidos pelo “choque de gerações”. Certamente, essa é uma questão que nos acompanha desde Adão e Eva, desde que O Senhor ordenou-os a fecundar e multiplicar. Não obstante, todo “choque” deve ser amaciado pela autoridade, aqui, autoridade exercida pelos pais.

        Logicamente, o papel dos pais é amar, educar e auxiliar seus filhos no que esses necessitam para que possam crescer capacitados a integrar o mundo dos adultos. Sim, criamos nossos filhos preparando-os para a vida adulta, não para serem eternas crianças. Assim, os pais somente conseguem realizar essa missão que a eles foi dada, se estes estiverem revestidos de autoridade.
   
          Mas, a autoridade dos pais já não nasce de forma natural, tão logo se tem consumada a concepção ou quando se tem o tão esperado nascimento do filho? Sim. A lógica nos mostra que é esse o caminho natural das coisas, pois, os mais novos se valem da experiência dos mais velhos e a esses, prestam reverência e respeito, ou, como diz a Bíblia:

 “Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor, porque isto é justo”. Ef 6:1 ou ainda,

 “Ouve a teu pai, que te gerou, e não desprezes a tua mãe, quando vier a envelhecer”. PV 23: 22.

          No entanto, ao longo da História, novos personagens dotados de autoridade foram surgindo e a eles, por vários motivos, conscientes ou não, os pais delegaram parte da educação de seus filhos e consequentemente, admita-se ou não, abriram mão de parte da sua autoridade.  Sim, nós, enquanto pais, não temos mais a completa autoridade sobre nossos filhos, mas, estamos com uma autoridade parcial. Não demorará muito para que os pais tenham uma autoridade ilusória e num futuro não muito distante, arrisco em dizer, infelizmente, os pais não terão nenhum tipo de autoridade.

         Trata-se de graduais e continuas mudanças que aparentemente não podem ser sentidas, porém, se fizermos uma observação mais demorada acerca do comportamento apresentado pelas crianças, não teremos duvidas. Os efeitos nefastos dessa mudança já se fazem sentir.

        Atualmente, não é raro que filhos, crianças de 8, 9, ou 10 anos, “debatam” com os pais os mais diversos assuntos, não é raro, crianças com menos de uma década de vida critiquem seus pais ou até mesmo responda-os de forma grosseira e mal educada. Isso infelizmente, não se trata de casos isolados, muito pelo contrário, é um comportamento disseminado em boa parte dos lares que têm um filho menor.

         Aqui, muitos podem argumentar que tais comportamentos são normais, que cabe aos pais fazer valer sua condição de adulto e mediar esse conflito existente entre ele e a criança. Desculpem-me que acha esse comportamento normal, ao aceitá-los como tal, se cai em um grande engodo. Não são lapsos de maus comportamentos, mas, um mau comportamento decorrente da falta de respeito, da falta de reconhecimento da autoridade paterna e materna.

        Para melhor ilustrar essa questão, lanço mão de outro argumento. A coisa mais rara nos dias atuais são os filhos se dirigirem aos pais com um “senhor”, “senhora”, não! Aprendem logo cedo a dirigir-se ao pai ou a mãe com um sonoro VOCÊ. Você isso, você aquilo. Não se trata de ter intimidade com seus progenitores e daí ter a liberdade em usar esse tipo de linguagem, é sim, uma total falta de conhecimento de como se deve dirigir a uma autoridade.

         Oras, os discípulos gozavam de grande intimidade com Jesus. Eram homens crescidos, feitos, eles tinham em Jesus seu amigo e Jesus os amava e ama a todos nós, incondicionalmente. No entanto, em nenhum momento, os discípulos se dirigiam a Jesus com esse tratamento informal. Em suas falas, dirigiam-se a Jesus como Senhor, Mestre ou Rabi. Demonstrando que um era maior que os demais.

         Quem deve ser maior na relação pais e filhos?

         As consequências disso vão muito além de pequenos desgastes na relação pais e filhos. As consequências de maior dano serão sentidas na vida em sociedade. Como será o funcionamento de uma sociedade onde seus integrantes não aprenderam, desde o berço, a falar senhor, senhora. Não se trata de um comportamento de submissão, “sim, senhor”, mas, um comportamento de humildade, “não, senhor”. Ou seja, respeita-se a autoridade, mesmo discordando dela e dizendo-lhe um não.

         Portanto, acredito que estamos trilhando um curso muito perigoso. Ou seguimos para uma sociedade anárquica, bárbara e cruel, formada por pessoas egoístas,  pervesas e inconsequentes, ou, seguimos para uma sociedade onde o único poder a ser respeitado, será o poder onisciente do Estado.

         Infelizmente, ambas as direções, apontam para um caminho em que os pais serão apenas meros reprodutores, meras fábricas de pessoas e os filhos, serão apenas átomos isolados sendo eles, resultados e agentes de uma sociedade doente.    

JAKSON MIRANDA